Da família dele, sabe-se de 33 membros, 27 foram músicos. Johann
Sebastian nasceu a 21 de março de 1685, terceiro filho de Johann Ambrosius,
de uma família de fervorosa religiosidade herdada da tradição
luterana.
Seu talento como compositor só foi despontar lá pelos 35 anos.
Ele foi o primeiro a usar o polegar para todos os órgãos, enquanto
os organistas anteriores utilizavam os quatro dedos. Ele tocava a melodia básica
com o polegar e o mínimo e improvisave ornamentos com os outros tres
dedos do meio. Conseguia cruzar o terceiro dedo sobre o quarto e o segundo sobre
o terceiro, técnica que nem seu filho, Carl Philip Emanuel manteve quando
elaborou a moderna técnica do dedilhado.
Ele observava os mestres da época. Um deles, Dietrich Buxtehude, ele
observou durante 4 os meses que passou em Lübeck, em 1706. Pela sia dedicação,
Buxtehude o convidou para ser seu substituto com a condição de
casar-se com sua filha solteira, de 30 anos.
Johann recusou, pois ela era desprovida de encantos e ele já estava apaixonado
pela sua prima Maria Bárbara. Casou-se com Maria em 1707.
O único estilo que Bach não praticou foi a ópera. Ele não
criou formas, ampliou-as de tal forma, tanto na expressividade quanto na estrutura,
que mostrou um nível de perfeição antes desconhecido.
Ele sintetizou todas as formas musicais existentes na sua época: o que
havia de mais moderno em música italiana e francesa e músicas
originárias de várias regiões germânicas. Ritmos
de dança, canções populares, melodias folclóricas,
tudo era absorvido e moldado a um estilo muito pessoal.
Na época, como não precisavam se preocupar com plágio e
em defender propriedade intelectual, os músicos frequentemente se apropriavam
de canções alheias. E Bach não fez diferente, ele reutilizava
as músicas, reelaborando-as a seu estilo. Transpos os concertos para
violino de Vivaldi, a quem admirava muito, para uma combinação
de quatro cravos. Ele aplicava os recursos do cravo ou do órgão
ao reescrever para as cordas. Não chegou a romper as formas fixas da
sua época, mas teve criatividade para retrabalhar suas estruturas.
Em todas as peças há uma simetria, um senso de ordem, um perfeito
equilíbrio entre as partes, que se contrastam e se completam. Todos na
época utilizavam a simetria, que era uma característica barroca,
mas ninguém como ele levou tão a sério a complexidade e
a perfeição.
Tinha uma fixação por números, principalmente na decomposição
do número 14. Muitas vezes, por causa disso, utilizava rítmos
baseados na decomposição do 14, pois corresponde a seu nome: B
= 2ª letra do alfabeto, A = 1ª letra, C = 3ª letra, H = 8ª
letra. 2+1+3+8 = 14.
Utilizava o sistema alemão de utilizar letras para nomear as notas da
escala. A obsessão pela numerologia fez com que ele atrasasse sua inscrição
na Sociedade para a Promoção da Ciência Musical, de 1738
para 1747, quando entrou como 14º membro.
Teve 7 filhos com Maria Bárbara, que morreu de repente em julho de 1720.
Apesar de na época um viúvo casar-se imediatamente, ele ainda
esperou um ano antes de casar com Anna Magdalena, em dezembro de 1721,
com quem teve 14 filhos.
Era econômico e moderado, só não hesitava em gastar comprando
instrumentos novos: cravos, espinetas, clavicordios e violinos. Adorava manter
a casa sempre cheia de florescravos de preferência.
Ensinava música na escola da igreja de São Tomas, em Leipzig.
Era paciente com os talentosos, mas o mesmo não se podia dizer com os
que não eram. Certa vez, atirou a peruca em um aluno e gritou: "Porque
é que você não vai ser sapateiro ???"
Dos 21 filhos, apenas 9 sobreviveram, sendo 4 do primeiro casamento e os restantes
do segundo. Um dos filhos do segundo casamento era deles era débil mental.
Os outros 4 do segundo casamento se tornaram compositores com idioma próprio.
O mais visionário deles, Wilhelm Friedemann (1710-1784) antecipou o desenvolvimento
da sonata. Morreu alcoólatra e na miséria.
Carl Philip Emanuel (1714-1778) foi o pioneiro em concertos para piano.
Johann Christoph Friederich (1732-1795) foi autor de oratórias e um dos
percussores da sinfonia.
Johann Christian (1735-1782), chamado de "o Bach de Londres" foi o único
a se tornar um prestigiado autor de óperas.
Um emprego de músico era para toda a vida, mas por seu individualismo,
Back trocava de posto toda vez que se sentia insatisfeito, atitude que chamou
a atenção do rei Frederico, o grande, rei da Prússia.
Dedicou-se também a obras pessoais, como a grandiosa Missa em Si Menor,
ou seu testamento inacabado,: A Arte da Fuga.
Apesar de ter boa saúde era míope, e o esforço de escrever
à luz de vela e de gravar as chapas de cobre para a impressão
de partituras levou-o a cegueira.
Em março de 1750, submeteu-se a duas operações. Em 18 de
junho de 1750, recuperou a visão e, algumas horas depois, sofreu uma
lesão vascular cerebral que o levou à morte 10 dias depois.
Muitas partituras se perderam, outras ficaram restritas a fechados círculos
de especialistas.
Só passou a ser conhecido mundialmente em 1829, quando se fez a execução
pública da obra "Paixão Segundo São Mateus", que foi regida
por Felix Mendelsshon.
Bibliografia:
Johann Sebastian Bach. O apogeu de uma era. Karl Geiringer,
Jorge Zahore Editora , Rio de Janeiro, 1985
A história dos gênios da música - Nova
Cultural, São Paulo, 1988.