Depois da Revolução
A partida de Cuba
Na manhã
do dia 2 de abril de 1965, Osmany Cienfuegos leva ao aeroporto, os 3 homens
que tentarão a revolução no Congo: Víctor Dreke,
que foi como Roberto Suárez, José María Martínez
Tamayo , que foi com o nome de Ricardo
e Ernesto Guevara, conhecido como Ramón. Agora, Che não é
mais o ministro em Cuba, é sim o homem que ignora o seu futuro e tenta
começar de novo (Ernesto tinha escolhido seu posto na linha de fogo).
No aeroporto, são recebidos pelo embaixador Rivalta, que recebeu
um telegrama em código informando-o da chegada de um grupo de cubanos
com uma missão importante. Ele é apresentado a Rivalta como Ramón
e não resiste a possiblidade de fazer uma de suas piadinhas: "Você
não me conhece?"
Ao que Rivalta hesita e depois nega. Che ao ouvir isso o insulta:
"- Barrigudo."
Pablo responde muito sério: "- Companheiro, eu não sei quem
é o senhor.
"-Então continua sendo tão bundão como sempre?"
- pergunta Che
Os olhos de Rivalta se enchem de lágrimas . Che assustado reintera:
- Fica quieto, porra! não faça nenhum gesto. Sou eu mesmo.
Lá chegando, foram se encontrar com o representante congolês
de maior hierarquia que se encontrava na Tanzânia: Antoine Godefroi
Chamaleso. Discutem com ele a infiltração. Che estava atuando
como intérprete do francês para o espanhol e, aproveitando-se
da oportunidade, dizia o que queria e fingia que traduzia. Eles estavam
criando estratégias das quais os congoleses não gostavam
muito, estes queriam passar direto à ofensiva. Não havia
uma unidade. Nestes dias, estudando um dicionário de swahili-
francês, batiza os nomes do pessoal do grupo: Víctor Dreke
será Moja (número1), Martínez passou a se chamar
M'bili (número 2) e Che se chamou Tatu (número 3). No dia
23 de abril viajam rumo ao Congo. Ao anoitecer chegam na aldeia de
Kigoma, separada de Congo pelo lago Tanganica. O barco não estava
funcionando, entraram numa lancha pequena e partiram com o lago agitado
e patrulhado pelos mercenários belgas.
Passados os dias, Che conversou bastante com os líderes locais sobre
os tribalismos entre os chefes. Havia muita desorganização
no Exército Rebelde de Congo. Depois de uma mês de inatividade,
resolve ir para Luluaburgo. Sua nova base ficava no ponto amis alto
da serra e a altitude fez com que muitos cubanos desmaiassem. Devido a
umidade, Che teve fortes crises de asma. No dia 23 de maio,
reúne-se no novo acampamento com Chamaleso, Martínez
e Mitoudidi, que retornava da Tanzânia. Sairam de lá, 3 expedições
para reconhecimento da situação. Segundo Che existiam forças
realmente armadas, porém os líderes eram simples viajantes.
Concluiu que seria preciso criar uma base de treinamento, longe dos tribalismos.
Che era um personagem muito estranho e misterioso para aquela gente. Ele
teve uma febre muito alta, chegava a tomar injeção várias
vezes ao dia e a febre não cedia. Apenas depois de 4 dias a febre
começou a baixar.
No dia 10 de maio, a mãe de Guevara, que já estava
em coma, teve seu estado agravado. Faleceu no dia 19 de maio de 1965. Uma
outra notícia vem golpear Che: a morte de seu amigo Ben Bella, presidente
da Argélia. Na manhã do dia 7 de junho, quando retornaram
a base, fica sabendo da morte de Mitoudidi que houvera se afogado. A perda
dele fez uma falta muito grande, era o único que estava tentando
organizar o caos. A frente de Front de Force era defendida por ruandeses
e isso surpreendeu um pouco os cubanos. O comandante deles, em meados de
junho, apresentou-se na base e disse a Che que suas propostas tinham sido
aprovadas e que ele já podia começar a montar suas emboscadas.
Porém não deixaram que ele participasse diretamente das operações.
O desaparecimento de Che para o mundo
O desaparecimento
de Che causou várias reações em diversos países:
em Cuba durante o mês de abril, a imprensa sustentava que Che estivesse
trabalhando lá, no corte de cana; no Brasil, declararam que ele viajava
pelos países da América Latina e que chegou a passar um tempo
numa clínica psquiátrica no México. A notícia mais
berrante foi a de que estava morto e enterrado num porão de uma fábrica
em Las Vegas. Segundo fontes cubanas, a Cia publicava em estações
de rádio as quais controlava, a notícia de que Che fora morto
por Fidel devido à inclinações pró-chinesas. Chegaram
a por uma imagem do pai dele segurando um cartaz pedindo o corpo de seu filho
a Fidel, porém não publicaram o desmentido do próprio Ernesto
Guevara Lynch. E essa notícia acaba sendo uma das mais propagadas. O
Newsweek publicou que, tendo sido demitido por Fidel, Che teria se suicidado.
No dia 24 de junho, chegam ao grupo mais 3 cubanos, que sem Che saber, foram
enviados por Fidel. No dia 1 de julho começa o combate. Porém
as coisas não foram bem. Morreram muitos cubanos. Os ruandeses não
sabiam atirar rajadas curtas e gastaram os 30 tiros de uma vez só. Muitos
se acovardaram. Um outro grupo entrou em local inapropriado e foi capturado.
Eles acabaram por ver o engano que cometeram: os ruandeses estavam armados em
casa, mas não combatiam.
Não
somente em Force, mas em Katenga o mesmo ocorria com uma coluna de 160 cubanos.
A maioria dos congoleses atiravam, mas era para o ar, apertavam o gatilho e
disparavam. O problema de Che agora era deter a decomposição da
coluna. O otimismo sempre em alta de Che, perante aquela realidade se transformava
pouco a pouco em pessimismo. Ele não via um bom resultado pra revolução
do Congo. O companheiro de Che, Llanga é o primeiro a descobrir a sua
identidade através da revista Bohemia, Che nega, dizendo que aquele
da foto era seu irmão. Mais tarde, porém uma de suas emboscadas
obtém sucesso e ele volta a fazer planos para a revolução.
Che começa a avançar.
No fim
de setembro, inicia-se a ofensiva governamental comandada por um mercenário
que contava com 2400 homens. Dreke pensa que o ataque virá pelo lago,
mas não vem, os congoleses fogem. Em outras ameaças de perigo
eles fazem o mesmo. Che continua a manter a esperança de montar uma coluna
sem os vícios congoleses. Em uma de suas notas diz: "não podemos
libertar sozinhos um país que não quer lutar; é preciso
criar este espírito de luta e buscar os soldados com a lanterna
de Diógenes e a paciência de Jó, tarefa que se torna mais
difícil à medida em que esta gente encontrar pelo caminho mais
imbecis que façam coisas por ela..."
A ofensiva
era forte, Che teve de deixar a base. Ele e seu grupo tentaram construir
outra base. Os congoleses não se ajudavam, estavam assustados. Che começou
a acreditar que realmente não podia contar com eles. Depois da insistência
para que abandonassem o local, e de muito relutar, decide fazê-lo. No
caminho se separou dos comgoleses e seguiu com seus três homens de confiança:
Harry Villegas, Coello e o capitão Martínez Tamayo. Deixou os
companheiros junto com os congoleses.
Che obtém
refúgio no andar superior da embaixada que Rivalta consegue pra ele.
Estava extremamente magro, depois dos seis meses que já estava lá,
por causa da fome e da disenteria que teve. Ficou recluso, somente ele e um
decodificador de mensagens. No começo, os livros ajudavam-no a passar
o tempo. Mais tarde, começou a escrever num ritmo alucinante, um manuscrito
que só foi publicado parcialmente 30 anos depois. Ele estava convencido
de que por algum tempo não teria condições de reiniciar
uma guerra. Uma cópia do manuscrito é mandada através
de Fernandez Mell pra que o entregue a Aleida e Fidel em Cuba.
O próprio
Rivalta conseguiu arranjar uma visita clandestina de Aleida a Che.
Aleida viaja para a Tanzânia via Cairo. Com a visita dela durante aqueles
dias, Che estava muito contente. Rivalta trata de cuidar pessoalmente dele,
raspa-lha a cabeça, faz a barba, e ele fica rejuvenecido, não
parecia o mesmo.
Em março
de 1966 vai para a Europa, onde poderia se manter em absoluta clandestinidade,
mais precisamente a Praga, via Cairo-Belgrado. Depois de ter devorado todos
os seus livros, fica resolvendo os problemas de xadrez sozinho em seu tabuleiro.
Durante esse período, Che troca constantes cartas com Fidel e começa
a idealizar seu antigo projeto, a revolução latino-americana.
O projeto inicial era o Peru, onde a guerrilha estava se formando.
No Peru,
Héctor Bejar que tinha organizado uma nova frente chamada ELN,
estava operando em 3 frentes. Eles tinham o apoio popular devido aos problemas
de reforma agrária. Porém no fim de 1965, foi capturado e
Luis de La Puente é morto. Che tinha por idéia unir-se ao movimento
que devido a esses problemas estava desarticulado. Porém sabendo da situação,
muda o foco da sua atenção para a Bolívia. E essa idéia
começa a tomar formas. Seus 3 agentes, Tania, Monleón e Tamayo
reunem-se na Bolívia. No dia 14 de julho, Villegas e Coello saem de praga
rumo à Bolívia. No dia 19 de julho de 1966, Che sai de Praga
portando seu passaporte de cidadão uruguaio Ramón Benítez.
Apesar das inúmeras tentativas de Fidel de dissuádi-lo ou fazê-lo
esperar um pouco, Che estava realmente muito impaciente. Começou a selecionar
seu grupo, inclusive os que lutaram com ele em Sierra Maestra. O próprio
Fidel e Raúl Castro ajudaram na seleção. Optam por instalar
uma base em Santa Cruz-Camiri. Toamsevich preparava os soldados: "deverão
fazer das tripas, coração, porque serão comandados por
um cara muito arrogante e grosseiro." E apresenta o comandante Ramón
que cumprimenta-os um a um. Ele depois se dirige a Pinares e torna com as piadinhas:
"eu te conheço..."
- "a mim, é impossível."
- Você não é o comandante Pinares? Não é
aquele comandante que, durante a crise do Caribe andava aqui por Pínar
del Rio num jipinho caindo aos pedaços, contando mentiras pra todos os
camponeses daqui?
O grupo cai em gargalhadas. E antes que Pínares entendesse o que estava
acontecendo, Súarez Gayol corre e abraça Che. A alegria tomou
conta deles que fizeram Che tirar os óculos e lhe puseram uma boina.
Decidem fazer o treinamento em Cuba. Ficaram um tempo por lá
e Che se encontra com Aleida. Che fica lá disfarçado como um burocrata,
com óculos de míope, chapéu, gravata, e inclusive com uma
prótese para deformar o maxilar inferior. No dia 23 de outubro, sai de
Cuba. No dia seguinte, já começa a se reunir com alguns membros
do grupo. No dia 5 de novembro, ele parte com Pacho num jipe. Noutro vão
Martínez e Coello. Em 20 de novembro, chegam a Pinares e San Luis. Lá
pela segunda seman de dezembro a comida começa a se tornar pouca. Che
insistia que o acampamento deveria ser auto-suficiente. e continuam a exploração.
Devido às dificuldades, as doenças aparecem
Ficam
no acampamento até o dia 31 de janeiro de 1967 e Che decide testar a
tropa. Eles estão fazendo reconhecimento de terreno e Guevara corrige
os mapas com lápis de cor. Passaram o mês de fevereiro em marchas
desumanas, sem comida, sem bebida, escalando montes e passando por lugares de
difícil acesso. O ânimo da tropa estava muito em baixa devido às
doenças e às fraquezas. Enquanto isso, a polícia vinha
cercando e procurando pistas sobre eles. Eles já estavam brigando por
qualquer coisa e embora Che tivesse vontade de às vezes fazer o
mesmo, mantinha-se firme, acreditava que tinha o dever de segurar a moral de
sua tropa. Partem para o acampamento no dia 20 de março e, no caminho,
Che fica sabendo que capturaram Salustio, um colaborador da tropa e que o exército
está na Casa de Calamina. No dia 22 de março, fica
sabendo da presença do exército nas proximidades e da deserção
de alguns membros do grupo. No dia seguinte, a emboscada preparada por
San Luis e Alarcón conseguiu derrotar uma do exército que
avançava pelo rio. nos dias seguintes ocorrem bombardeios regulares.
Depois da deserção de Rocabardo e Carrera, a Cia se interessa
pelo caso, ainda sem saber da presença de Che no conflito. E durante
esses dias a guerrilha e o exército continuam no esconde-esconde.
As primeiras
suspeitas de que Che estava combatendo começam a surgir. Porém,
mais tarde foram descartadas e os americanos resolveram dar uma moderada colaboração
com o exércio boliviano. Debray, Bustos e Roth são capturados.
E lá mesmo começaram com um violento interrogatório. Mais
tarde, transportaram Debray para a base aérea de Choreti. Sofreu torturas,
entre socos e marteladas, mas não revelou nada sobre Che. A Cia aperta
o cerco e envia mais agentes para a Bolívia. Em 28 de maio, a guerrilha
toma o povoado de Caraguatarenda e se abastece de comida. No dia 26, em uma
das emboscadas do exército, perdeu mais 4 homens.
Ele passou
todo o mês de julho sendo acometido várias vezes pelos ataques
de asma. Mais tarde, o exército consegue capturar vários
manuscritos e fotos de Che, inclusive a mesma foto de seu passaporte. Pelo fim
do mês de agosto a situação já se tornara angustiante.
Acabaram-se, há muito, os remédios; a fome e a sede eram implacáveis,
ele já não andava junto com o grupo na linha de frente, via-se
obrigado a mandar um grupo seguir antes. O exército já preparava
emboscadas pra eles. Soube que sua retaguarda foi pega. O objetivo dele agora
era fugir das emboscadas e procurar lugares mais propícios.
Em outubro,
um pouco mais recuperado, conduz sua tropa a uma velocidade maior do que deveria.
Mais adiante, encontram água e decidem montar uma acampamento temporário.
Che desconhecia quantos soldados haviam no seu caminho. Eram dois pelotões
da companhia A do batalhão dos rangers. Lá pelas onze e
trinta da noite envia Aniceto e Ñato Méndez para substituir Tamayo
e Villegas que estavam em uma extremidade do estreito. Os dois acabam sendo
descobertos e mortos com tiros na cabeça. Ficou-se na indecisão
de subir. Às duas e meia da tarde, depois de três horas de disparos,
Che é atingido na perna direita, a uns 10 cm do calcanhar, destrói
sua carabina e perfura a boina.
Captura e morte de Che
Che resolve se retirar. Eram 16 guerrilheiros contra 100 rangers.
Simón ajuda Guevara (já sufocado pela asma) a subir na parte superior
das montanhas. Não contavam que lá estivessem 3 soldados da companhia
B que não participaram do combate. Surpreso, Simón não
teve tempo de pegar o fuzil. Eles tiraram as armas dos dois e disseram para
que Guevara sentasse. Ele o fez e conversou um pouco com os soldados. Um deles,
o cabo Balboa Huayallas recebeu dele inclusive um elogio devido ao bonito nome
para um comandante guerrilheiro. O comandante Prado comunicou-se com o povoado
de Abra de Picacho às 14 horas e 50 minutos. Em Aguillera, esperam
a confirmação da captura. Os coronéis, que estiveram lutando
a quilômetros dali não acreditavam. O pelotão de rangers
atacam com granadas os outros combatentes que são mortos. Às
sete e meia da noite, chegam com ele a La Higuera, um povoado de não
mais de 30 casas de pau-a-pique. Trancam Simón num quarto juntamente
com 2 cadáveres e Che em outro e lhe dão uma aspirina para a dor
do ferimento na perna. Os 3 oficiais superiores tentam interrogar Che
que se nega a falar com eles. Ameaçam-no de morte, tiram seus 2 cachimbos
e o relógio. Às onze e meia da noite, o comando das forças
armadas envia a mensagem: Che é condenado à morte. Naquela hora,
Che não tem papel nem caneta para contar ao mundo, como sempre fez, suas
últimas horas. Um homem que deixou registrado todas as suas visões,
sentimentos em muitos diários e cartas. Sua última refeição
foi um prato de sopa de amendoim. Recebeu visita de uma agente da Cia, mas a
conversa não passa de troca de insultos.
Depois
das 13 horas, Téran entra no quarto de Che munido de uma M 2 que pedira
ao suboficial pérez. Che estava sentado num banco, os pulsos amarrados,
encostado na parede. Téran vacila na hora de atirar, e Che diz pra ele:
"Nem
se incomode, você veio me matar." Téran faz um movimento como
se fosse sair e depois vira-se e dá o primeiro tiro. Segundo ele mesmo,
Che disse : "Fique calmo, você veio matar um homem". Che caiu no
chão. Ele então disparou o segundo que o atingiu no braço,
o ombro e o coração. E não foi só ele. Logo depois,
o suboficial Pérz entra e dispára contra o corpo. E pouco mais
tarde, o soldado Cabero, para vingar a morte de seu amigo Manuel Morales.
Horário da morte: 13 horas e dez minutos do dia 9 de outubro de 1967.
Prado
que estava fora fica sabendo da execução de Che e faz um gesto
de desgosto porque havia o capturado vivo. Colocam o corpo amarrado no trem
de pouso do helicóptero.
O cadáver desaparecido.
O presidente Barrientos já tinham anunciado a morte de Che as dez
horas da manhã.
Estava triunfante. Às cinco da tarde o helicóptero pousa no aeroporto
da cidade de Vallegrande, a 770 km a sudeste de La Paz. Segundo a autópsia,
foram 9 tiros. Porém na frente dos jornalistas um oficial do exército
conta 10. Estavam agoras na dúvida do que fazer com o corpo como se ainda
tivessem dúvidas qaunto ao fato de estar morto. Ovando sugere que
lhe cortem as mãos e a cabeça. Por causa dessa tensão,
o médico Martínez Casso acaba se embriagando. Decidiram por cortar-lhe
as mãos e fazerem a máscara do rosto que segundo a enfermeira
acabou por desfigurar-lhe. As mãos foram colocadas num cilindro com formol.
Por volta das 3 horas da madrugada, Zenteno e seilich designam o capitão
Salinas para levar o corpo de che em um caminhão. O destino? ninguém
sabe. O jornalista Erwin Chácon decide Não ir à festa dada
por Ovando aos militares, vê o caminhão e o segue até o
quartel do regimento Pando em vallegrande. Eles estavam dispostos a fazer desaparecer
o corpo de Che. O capitão Vargas opta por um enterro clandestino. Joga
o corpo em uma vala, ao amanhecer do dia 11 de outubro, e cobre com terra jogada
por um caminhão basculante. Para a opinião pública, o corpo
desapareceu. Enquanto isso as autoridades bolivianas davam um verdadeiro show
de contradições nas respostas às perguntas de onde estaria
o corpo de Che. O irmão de Che, Roberto Guevara vai
a santa Cruz a fim de recuperar o corpo acompanhado de um grupo de joranlistas.
No dia
15 de outubro Fidel faz sua primeira intervenção confirmando a
morte de Che. Acusa os bolivianos de o terem executado. Apenas no dia 05 de
fevereiro de 1968 é que apareceu a primeira versãoq ue apresenava
mais detalhes: que Che tinha sido capturado em 8 e assassinado no dia seguinte,
e que quando foi capturado não estava muito ferido. Apenas 28 anos mais
tarde, o próprio capitão Salinas reconheceu que tinha participado
do enterro e cavado uma vala com um trator ao lado da pista do aeroporto. Em
novembro de 1995, as brigadas começaram as escavações.
Foram encontrados os corpos dos membros do grupo que foram assassinados depois,
mas não o de Che.
Até
hoje as buscas de seu corpo não deram resultados.
Curiosidade:
O que aconteceu com os que participaram de alguma forma de sua captura,
execução, ou estiveram envolvidos com ele neste período?
Curiosamente todos "pagaram seus pecados". Essses fatos levantaram
o mito criado pelo povo. o mito que ficou conhecido como "a maldição
de Che".
Vejamos porque:
- Honorato Rojas ficou famoso depois que o vice presidente Silas
o felicita por ter denunciado a guerrilha. Em 14 de julho de 1969,
um comando do renascido ELN, dispára dois tiros em sua cabeça.
- O presidente general rené Barrientos, que tinha confirmado
a ordem de assassinato de Che, morre carbonizado em um estranho acidente
de helicóptero no dia 29 de abril de 1969.
- Ovando que tinha dado um glpe militar no substituto de Barrientos
e tinha chegado à presidência, é derrubado.
- o primeiro oficial envolvido na captura, Eduardo Huerta,
faleceu no dia 10 de outubro de 1970, em um acidente de automóvel.
- O tenente-coronel Andrés Selich, que houvera humilhado
Che, foi morto por espancamento em um interrogatório realizado
por agentes de segurança militar, enqaunto preparava outro de seus
muitos golpes de estado que compõe a história da Bolívia.
- O coronel Roberto Quintanilla que era chefe de intelig6encia
do Ministério do interior, que tinha presenciado a amputação
das mãos do cadáver de Che, foi morto por Mónica Earlt
com 2 tiros no peito, que entrou no consulado apresentando-se como cidadã
alemã que desejava um visto para a Bolívia.
-O agente da Cia que identificou Che e fotografou seu diário
passou a sofrer de asma tanto em dias quentes qaunto em dias frios, nõa
importando o clima.
-Juan José Torres, chefe do estado maior durante a campanha
de Che, foi morto com 3 tiros na cabeça pela ultradireitista Tríplice
A em Buenos Aires.
- O general Zenteno, dois meses mais tarde foi assassinado em
Paris, onde exercia as funções de embaixador da Bolívia,
por membros do comando chamado Brigada Internacionalista Che Guevara.
-O capitão Gary prado, que capturou Che, sofreu um ferimento
a bala que perfurou seus dois pulmões e atingiu sua coluna, deixando-o
paralítico, qaundo enfrtentava a ocupação de um acampamento
petroleiro em santa Cruz por um grupo fascista. Curiosmente, o tiro que
o acertou foi acidental, disparado por um de seus próprios soldados.
- Mário Terán, que disparou contra Che, vagava embriagado
pelas ruas de Cochabamba, perseguido pela imagem de Che.
- O sargento Bernardino Huanca, teve de se submeter a tratamentos
psiquiátricos.
Ernesto Guevara, também conhecido como Che
Paco Ignacio Taibo II - Editora Scritta.