Julio Verne
Julio Verne nasceu na cidade
de Nantes (região francesa da Bretanha) no dia de 8 de janeiro de 1828.
Ele e seu irmão Paul (um ano mais novo) gostavam de brincar às
margens do rio Loire e conversar com os marinheiros. Julio era apaixonado pelas
histórias de países distantes, a tal ponto que, quando tinha 11
anos, resolveu fugir de casa.
Pierre Verne, seu pai, conseguiu
pegá-lo no porto de Poimboeuf, na primeira escala do navio. O pai queria
que seus filhos seguisem sua carreira de advogado e não marujo, como
sonhava Julio. Resultado: Julio levou uma inesquecível surra de chicote.
Na escola, sua matéria preferida
era geografia. Seus cadernos eram repletos de mapas. O pai o levou para visitar
as fundições e estaleiros de Indre, onde estavam sendo construídos
os barcos a vapor (que eram a grande sensação da época).
Seu irmão tornou-se marinheiro e Julio, que tinha a paixão pelos
rios e pelas máquinas acabou cursando a faculdade de Direito e, aos 20
anos, foi para Paris para agradar seu pai.
Lá, após a revolução
francesa, ocorriam muitos conflitos e golpes. Julio se atraiu mesmo pelo clima
boêmio e pelas personalidades famosas como Alexandre Dumas (autor de "Os
três mosqueteiros" e "Vitor Hugo"). Alexandre o convidou para ir ao seu
castelo em Saint-Germain e Julio se impressionou em ver como Alexandre utilizava
os fatos históricos para escrever as suas novelas. Julio Verne decidiu
escrever uma peça para teatro chamada "Les pailles rompues" (Contratos
anulados) que foi encenada em 1850, sem muito sucesso.
Em 1852, foi trabalhar como secretário
do Teatro Lírico, e ficou por 2 anos. Nesse período, conheceu
Honorine-Ane de Vianne, que era viúva e tinha duas filhas. Namoraram
e, por fim, casaram-se em 1857. Ela não se interessava pelas mesmas coisas
que ele, gostava mesmo era de participar de grandes recepções
e vestir-se bem. Logo após o casamento, arrumou um emprego para trabalhar
como corretor da bolsa de valores. No entanto, não esquecia a idéia
de escrever romances que difundissem o conhecimento da tecnologia e do mundo.
Conheceu o fotógrafo Félix
Nadar, apaixonado pelo balonismo, como toda Paris. Nadar era conhecido por suas
aventuras com balões até que resolveu fazer um passeio com a mulher
e mais 9 passageiros num enorme balão durante 16 horas, no qual um acidente
com o pouso o fez quebrar as duas pernas. Mas esse fato não fez diminuir
em Verne o desejo de escrever sobre máquinas, invenções
e viagens pelo mundo. Pelo contrário, a partir daí ele passou
a estudar muito as revistas científicas e livros que falassem dessas
invenções.
Nadar acerta um encontro entre Jules
Helzel (editor) e Julio Verne. Verne lhe mostrou os primeiros escritos sobre
aventuras a bordo de balões. Mas Hetzel, depois de lê-los, mandou
Verne voltar para casa e reescrevê-los, desta vez com aventura e emoção.
Julio reescreveu em duas semanas. O editor adorou porque continha sonhos e aventura,
classificando como uma leitura prazerosa.
O livro foi chamado "Cinco semanas
num balão" e um verdadeiro sucesso. Assinou um contrato no qual precisava
escrever dois livros por ano, pelos próximos vinte anos e depois prorrogado
por toda a produção futura. Verne cumpriu o contrato durante 40
anos.
Passado algum tempo, Hetzel acompanhava
frase a frase a obra de Verne. Ele, que era um viajante inveterado, fazia anotações
durante as viagens que serviriam de base para os livros de Verne. Eram admiradores
do meio de transporte mais revolucionário da época: o trem.
Ler Verne significava sair em viagem
e aventurar-se; para muitos, a única oportunidade. Ele escrevia minuciosamente
os cenários, transportando o leitor dos pólos para o centro da
terra. Descrição tão perfeita que o livro "Vinte mil léguas
submarinas" serviu de inspiração para o oceanógrafo Jacques
Costeau, que considera Verne a pessoas que lhe inspirou a explorar os mares.
Verne foi assediado a tal ponto que
se mudou para uma mansão em Amiens (norte de Paris) para ter sossego
e poder escrever. Escrevia também a bordo de seu barco, o Saint-Michel.
Tinha o costume de escrever dois,
as vezes até três livros ao mesmo tempo. Escrevia sempre na página
da direita, deixava a esquerda para corrigir o texto e raramente mudava a versão
original, o que prova que ele era um redator fluente.
Os livros dele obedeciam a regras
específicas, não ferindo de forma alguma a cultura católica
da época. Eram considerados os melhores presentes de Natal.
Quando estava escrevendo a série
"A volta ao mundo em 80 dias", ocorreu uma febre na população
em comprá-los que as companhias de navegação ofereceram
fortunas para que os personagens dos livros fizessem a última etapa num
de seus navios.
Um incidente ocorreu na noite do
dia 8 de março de 1886, quando levou dois tiros no pé direito.
Não conseguiu ver o homem que atirou. Soube mais tarde que foi seu sobrinho
predileto, Gaston, filho do irmãqo Paul. Caiu em deressão na virada
do século, perdeu as coisas que mais amava: seu irmão, seu amigo
e editor Hetzel e seus passeios de barco (pois não se equilibrava mais
no convés).
Passou a ser severo com o filho e
mandou-o para o reformatório. Mas, pelo contrário, foi muito carinhoso
com um colega de ginásio de seu filho, Aristide Breand. Inclusive chegou
a incluí-lo camando-o de Briant como personagem principal do livro "Dois
anos de férias", de 1888.
Julio não deixou de escrever.
Segundo sua própria declaração, queria chegar a sua centésima
obra.
Aos 74 anos, os livros eram trazidos
até ele, que já não podia mais ir à biblioteca,
mas mantinha a rotina de escrever pela manhã e ler à tarde.
O livro "Senhor do mundo" descreve
um veículo que misturava automóvel, avião e submarino.
Em 1905, publica um livro sobre a
ligação por um canal do deserto do saara ao mar Mediterrâneo,
para transformar o deserto num lago.
Na noite de 24 de março de
1905 pediu o livro "Vinte mil léguas submarinas", perguntou pela mulher
e os filhos, fechou os olhos e faleceu.
Em 1895, recebeu a visita de Edmondo
de Amicis, escritor italiano que estava querendo saber se Julio Verne existia
de fato, pois muitos chegaram a pensar que ele próprio fosse uma ficção
e que os textos fossem escritos por um grupo de redatores.
No livro "Robur, o conquistador"
(1886) lançou a nave Albatroz, mais pesada que o ar e que se mantinha
voando por meio de 74 pás giratórias que era movidas por motores
elétricos. O caminho da aviação, Julio Verne já
previa.
O livro "Vinte mil léguas
submarinas" (1870) superou o que se podia esperar de extraordinário vindo
de Julio Verne. Ele descreveu um submarino de 70 metros de comprimento, 8 de
diâmetro, que deslocava 8 toneladas. Nele, a tripulação
respirava ar comprimido, que era armazenado em cilindros metálicos. Possuia
uma câmara, pela qual os mergulhadores entravam e saíam do submarino,
mesmo estando submerso. Possuia janelas pelas quais a tripulação
fotografava a vida marinha.
Fonte: revista Super Interessante