Lavoisier

           

             Antoine Laurent Lavoisier nasceu rico,  no dia 26 de agosto de 1743.  Seu pai conseguiu adquirir um título de nobreza,  porque ele e os avôs de Lavoisier eram advogados renomados e conseguiram fazer fortuna.  Tendo esse título, abrem-se algumas portas para Lavoisier, como por exemplo, os estudos.  Estudou num dos melhores colégios da França, o Colégio Mazarin.  Ingressou na Faculdade de Direito aos 18 anos. Gostava de fazer excursões científicas em Paris.
            Observando o professor Guillaume Rouelle (que gostava de provocar explosões para chamar a atenção) é que começou a se interessar por química. Depois de formado, aos 23 anos, recebeu  herança da mãe no valor de 100 mil libras e o pai lhe deu mais 200 mil  para começar a vida.  Dinheiro mais do que suficiente para que ele se dedicasse à pesquisa científica. Porém, aos 25, quando já era membro  da Academia de Ciências, decidiu entrar para  o mundo dos negócios.
            Na época, existia na França,  uma associação de coletores de impostos, chamada Ferme Générale, criada pelo próprio sistema monárquico, que autorizava quem participasse dela a recolher impostos altíssimos e ficar com eles para si próprio. Para ser um coletor, a pessoa deveria desenbolsar para a corte a bagatela de 1,5 milhão de libras.  Lavoisier pediu emprestado e juntou com o que já tinha, conseguindo somar a quantia de 500 mil libras, e comprou um terço da cota.
            Esse sistema de coleta de impostos era extremamente abusivo.  Na Ferme Générale,  Lavoisier conheceu alguém que assim como ele, não era extremista. Seu nome: Jacques Paulze. mas seu interesse pairava mesmo sobre sua filha : Marie Paulze, então com 14 anos. Marie, que estava prestes a se casar com um nobre arruinado de 50 anos, logo resolveu se livrar dele. Resultado: casaram-se.

             Ela se interessava por ciências e colaborou com afinco com as experiências do marido: fazia anotações, ilustrações perfeitas, lustrava a aparelhagem e traduzia as obras científicas do inglês para o francês e vice-versa. Ele não tinha muito tempo para suas experiências, pois tinha muitos encargos. Ainda assim, organizava-se reservando horário das 6 as 8 da manhã e das 7 às 10 da noite. E dedicava um dia da semana aoa seus estudos, o qual chamava de "dia de felicidade".
Seus trabalhos iniciais foram sobre a natureza do gesso e depois sobre tipos de iluminação pública. Depois se empenhou a combater a teoria do flogisto (essa teoria foi lançada pelo alemão George Ernest Stahl e dizia: o flogisto é uma substância presente em todos os materiais combustíveis dos quais se liberava na combustão). Lavoisier decidiu então repetir em 1774 a experiência feita por Roberto Boyle, um século antes: aqueceu um metal até se tornar calcinado. Porém, notou o mesmo resultado: que o ríduo pesa mais que o material de origem.


              - O primeiro argumento contra o flogisto afirma que nenhuma substância era liberada e sim, adicionada no aquecimento do material.
              Em 1783, conseguiu sintetizar a água: misturou hidrogênioe oxigênio dentro de um frasco e fez ocorrer uma reação por meio de uma centelha elétrica. depois de algum tempo conseguiu fazer fazer o inverso. Porém com um processo diferente:
colocou água num cano de espingarda, cheio de limalha de ferro e aquecido ao rubro e a água devia passar bem devagar. O oxigênio da água oxidava a limalha de ferro e ficava retida no caminho. O hidrog6enio saía pelo outro lado. Mas Lavoisier não ficou conhecido por experiências e sim, por suas teorias conclusivas.

             Ele não foi o primeiro a isolar o hidrogênio, mas Joseph Priestley; nem o primeiro a sintetizar água, como no caso de Henry Cavendish; foi inédito ao contrário dos outros nas conclusões teóricas destes processos. logo Lavoisier teve auxílio de mais 3 personalidades: Louis Berthollet (que descobriu como criar explosivos a partir do clorato de potássio), Antoine de Fourcroy (um excelente escritor) e Gayton de Morveau (considerado o maior químico da França). Juntos trabalharam no Arsenal de Paris (maior fábrica de pólvora da frança que Lavoisier dirigiu a partir de 1775.

             Determinaram a classificação entre ácidos, álcalis, sulfatos e óxidos. Nomearam o oxigênio e o hidrogênio. O Arsenal, que Lavoisier dirigia era grande o suficiente para ele residir, fazer experiências no laboratório e estudos no escritório.

            Lavoisier era uma pessoa com idéias bem avançadas para o seu tempo. Em 1788, representando nas Assembléias Provinciais, a cidade de Romorantin-Lanthenay, apresentou propostas contra o regime da época que obrigava os camponeses a trabalharem de graça, construindo estradas. Além disso, contrariou a censura, a imprensa e as prisões arbitrárias. Em 1790, faz parte do comitê de cientistas que estabeleceriam o sistema decimal de pesos e medidas. Foi chamado, no mesmo ano, para fazer parte do comitê do Tesouro Nacional. Porém havia forças contra esse comitê. Isso fez ocorrer alguns incidentes.

            - em 12 de julho, o povo atacou as muralhas de Paris, que o rei havia mandado erguer para combater o contrabando de mercadorias, por sugestão de Lavoisier (quando era coletor de impostos). Essas muralhas tinham portas ornamentais que custaram fortunas.

           - em 13 de julho, o povo foi até o Arsenal em busca de pólvora, mas encontrou pouco. O resto já havia sido transferido. Como Lavoisier era o diretos do Arsenal, passou a ser visto como o homem que escondeu a pólvora (um pecado capital).

          Um mês depois, os revolucionários interceptaram uma barcaça carregada de pólvoraindustrial que ia de Nantes para Metz. Lavoisier esclareceu que era pólvora industrial e não militar e mandou liberar. Ocorreu uma confusão e o povo levou Lavoisier à Guarda Nacional e ameaçou unforcá-lo em cada lampião no caminho. Depois disso, alguns meses se seguiram sem incidentes até 1791, quando Jean-Paul Marat publica no jornal que Lavoisier "aprisionou Paris numa muralha que custou aos pobres 30 milhões" e encerrou seu artigo dizendo que era uma pena que ele não tenha sido enforcado num lampião.

          Em maio, a Assembléia Nacional dissolve a Ferme Générale e dá um prazo de dois anos para os coletores devolverem ao Estado os ganhos indevidos. Em 1792 , foi constrangido a se demitir no Tesouro e no Arsenal. A academia de Ciência não recebia mais verbas e ele pagava do próprio bolso os colegas. A revolução de 1789 já entrava, em 1792, no período do Terror. Aconselharam-no a fugir mas ficou.

           Em novembro de 1793 foi decretada a prisão dos coletores. Ele se refugia na casa do ex-zelador da Academia de Ciências mas, sabendo que seu sogro estava preso, se entregou.

           Ficaram um mês e meio na prisão e depois foram forçados a trabalhar no acerto de contas com o Estado na sede da Ferme Générale, trancados. O relatório ficou pronto em poucos dias, no final de janeiro de 1794. Em cinco de maio do mesmo ano, a comissão julgadora deu seu parecer: desviaram 32 milhões de libras e portanto deveriam ir ao Tribunal Revolucionário. O Estado nomeou 4 advogados para defendê-los (a Lavoisier e os outros coletores) mas eles só puderam falar 15 minutos com cada acusado. Logo saiu a sentença: exceto 3 réus, os outros todos foram condenados à morte em 08 de maio de 1794. Seus amigos não ousaram enfrentar o Terror. Porém, com o fim do Terror, o juiz o promotor e 5 jurados foram guilhotinados. Um ano e meio depois foi erguido um monumento em homenagem a Lavoisier.