Santos-Dumont
Alberto Santos-Dumont nasceu no dia 20 de julho de 1873, no sítio
Cabagu, no distrito de Palmira (que hoje leva o seu sobrenome), em Minas
Gerais. Seu pai, Henrique Dumont, era filho de imigrantes franceses.
Muito ousado, rasgou estradas e túneis pelos sertões até
se tornar "o rei do café". Sua mãe vinha de uma família
tradicional de Ouro Preto. Seu pai, por volta de 1890, em um acidente,
caiu do cavalo e acabou ficando aleijado. No ano seguinte, a família
viaja para Paris em busca de tratamento. Lá, Alberto visitou a Exposição
Universal e viu pela primeira vez um motor de combustão interna.
Segundo ele mesmo:"Parei diante dele como pegado pelo destino". Voltaram
ao Brasil e a família trouxe um Daimler (marca que posteriormente
ficou conhecida como Mercedes-Benz). Pelo que consta, foi o primeiro automóvel
a chegar na América do Sul. Era um carro a vapor, com fornalha,
caldeira e chaminé e andava sacolejante pelas ruas de São
Paulo.
Seu pai, pouco antes de vir a falecer, em 1891, emancipou os filhos menores,
inclusive Alberto que estava prestes a completar 18 anos, e entregou a
cada um deles, uma parte na herança. Ele conhecia os atributos
do filho, e contrariando a cultura da época de que os filhos seguem
a profissão de seus pais, deu-lhe um conselho importante: "Desista
de ser doutor, vá estudar mecânica". Ele não
hesitou em seguir o conselho à risca.
Foi a Paris e logo chegando, sua primeira preocupação foi
comprar um Peugeout de 3 HP. Via os balões e queria subir
neles e foi. Por 250 francos podia voar durante duas horas nele. Depois
dessa primeira viagem, estaria dividindo seu tempo entre passeios de balões
e corridas de automóvel. Por fim, projetou e encomendou a Lachambre
um balão. Foi seu primeiro balão, o qual ele chamaria de
Brasil. Naquela época, circulavam pelas ruas de Paris, célebres
nomes, como: Thomas Edison, Hnry Ford, Gugliermo Marconi, Sigmund Freud,
Charles Darwin, Louis Lumiére, Pierre e Marie Curie, Degas, Cézanne,
Renoir, Matisse e um rapaz espanhol chamado Pablo Picasso. E foi nessa
sociedade que Santos-Dumont ficou famoso da noite para o dia. Alberto era
tímido, taciturno, hipersensível, e franzino (tinha entre
1,52 m e 1,58m)
Ele tinha por idéia, combinar um balão com motor a explosão
e conduzir o aparelho ao invés de deixar que o vento o levasse.
Aperfeiçoou um pequeno motor a gaslina e o instalou no novo balão,
o Santos Dumont 1, SD-1. Em setembro de 1889, leva o balão ao Jardim
da Aclimatação, tenta subir contra o vento e passa o vexame
de bater nas árvores. Depois fez outros, o SD-2 e o SD-3, cada um
inovado mais que o anterior. Estava consagrado entre os aeronautas. Decidiu
comprar um terreno em Saint-Cloud, na periferia de Paris. Lá construiu
um hangar e oficina. todos aqui no Brasil se orgulham dele. A princesa
Isabel envia-lhe uma medalha de São Bento, como proteção
contra acidentes. Ele passa a usá-la no pulso. E apartir daí,
surgiu uma de suas idéias mais famosas, qunado decidiu mandar fazer
um relógio de pulso na famosa Casa Cartier. Em 1904 publicou
seu livro onde conta suas aventuras, em francês: Dans l'air.
Dispôs-se a vencer o grande desafio aos balonistas, constituído
pelo Prêmio Deutsch de la Meurthe: de 100 mil francos para
quem fosse capaz de subir em Saint-Cloud, circunavegar a Torre Eiffel e
voltar ao ponto de partida, em até 30 minutos. Em julho de 1901
tentou vencer a prova no seu SD-5, mas colidiu com o telhado da praça
do Trocadéro, no centro de Paris. Seu balão explodiu, mas
ele nada sofreu. No mesmo ano, 3 meses depois, ele completou a prova e
recebeu o dinheiro, que distribuiu entre os auxiliares e pobres da cidade.
Construiu mais dez dirigíveis. Mas o número 8 nunca
existiu, ninguém sabe porque. Com o SD-9 ele circulava de um lado
aoutro de Paris.
Foi em 1906 que se deram suas experiências com o 14 bis que já
era sua antiga inspiração. No primeiro projeto, o avião
estava acoplado ao balão SD-14, por isso o nome de 14 bis. Tinha
12 metros de envergadura e 10 metros de comprimento. Formado de seis células
de bambu e juntas de alumínio. O conjunto com o aviador dentro pesava
220 quilos. O motor era a gasolina, possuia 16 cilindros e tinha a potência
de 24 HP que posteriormente foi aumentada para 50 HP. Depois de 2 testes,
já decolando com a própria força do motor, candidatou-se
a dois prêmios do Aeroclube da França. A primeira prova,
os juízes esqueceram de cronometrar, ele subiu a 2 e 3 metros e
voou a distancia de 60 metros. Na segunda prova, subiu a 4 metros e percorreu
uma distância de 220 metros em 21 segundos. todos os vôos de
Santos Dumont foram públicos.Depois da prova com o SD-15 com o qual
pretendia voar a distância de 1 km em circuito fechado, ele construiu
seu último avião, o Deimoselle, um monoplano com superfície
de seda, com a fuselagem feita de bambu, 6 metros de comprimento e o leme
adaptado na cauda. Era oito vezes menor que 14 bis, pesava 120 kg, isso
já incluso os 50 kg do piloto. Utilizou esse avião sobrevoando
Paris e pousando nos parques dos castelos e casas de campo. Porém,
não tardou a se cansar de tudo isso. Em 1909, já com 36 anos,
a sua vida criativa já estava encerrada. Empolgava-se com as corridas
de automóveis e as provas aéreas. Porém, não
tinha nenhuma vontade de transformar seu prestígio em dinheiro.
Nem ao menos patentteou seus inventos.
Tinha uma grande paixão em experimentar os limites do homem e um
grande prazer em mexer com as máquinas. Porém ele sofria
com seus nervos. Fez várias viagens. Em 1918, construiu uma casa
em Petrópolis, que posteriormente foi transformada em museu. Supersticioso,
em sua escada, não permitia que iniciar a subida sem ser com opé
direito, tal foi a forma que foi construída. Em 1924, voltou para
a Europa e internou-se em um sanatório suiço. Decide regressar
ao Brasil. Mas um acontecimento desencadeia as suas crises mais graves:
um grupo de intelectuais resolveu homenageá-lo resolveu voar mas
acabou caindo no mar e todos acabam sendo mortos. Dumont entrou em depressão
profunda. Qaundfo se deu a primeira guerra mundial sentiu-se responsável
e culpado pela morte das pessoas devido ao má uso da sua invenção.
Em 1929, foi a França receber a Legião de Honra, a mais alta
condecoração do país. Na volta, seu recebeu-o
e levou-o a um hotel de luxo no guarujá. No dia 9 de de julho
de 1932, o dia em que explodia a revolta constitucionalista em São
Paulo, contra o governo Vargas, escreve em seu diário: "apelo
de quem sempre sempre visou a glória de sua pátria dentro
do progresso harmônico da humanidade."
O que Dumont não suportou ver, foi os aviões federais que
iam bombardear as forças paulistas. Seu corpo foi encontrado enforcado
no banheiro do hotel no dia 23 de julho de 1932.
Bibliografia: Santos Dumont e a conquista do ar, Aluísio
Napoleão, Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1988.
O brasileiro voador, Marcio Souza. Editora Marco Zero, Rio de Janeiro,
1986.